Hoje, com o 1º de Maio, acaba uma semana onde a Liberdade foi evocada vezes sem conta, sempre usando o pretexto do 25 de Abril.
Já nasci depois do 25 de Abril, e portanto, não sei como era antes. Oiço as histórias, leio os livros e oiço também as pessoas que viveram nessa época contarem o que passavam, o que era bom e o que era mau, consoante as ideias.
E portanto, cabe-me a mim, 36 anos depois, avaliar o que se passa agora e o que se passa agora, em nada traduz aquilo que as pessoas, supostamente, lutaram para que o país mudasse.
O país evoluiu? Sim! O país melhorou? Sim! Somos melhores do que éramos há 36 anos? Somos! Do ponto de vista dos números, somos melhores em tudo, comparados com 1974. Há mais carros, mais TV's, mais empregos, mais oferta de bens perecíveis, supérfulos. Temos mais cultura do que tínhamos? Sim! Faz de nós mais cultos? Nem por isso!
Somos mais democratas? Depende! Envolvemo-nos com o que nos interessa a nós, colectivamente? Não!
E esse é um dos pontos.
A nossa própria revolução foi sem mortes. Usámos cravos e uma vontade de derrubar um regime que de caduco, já tinha muito. Nem a resistência fascista quis trabalho. Entregou-se e pronto. E o que temos dessa memória? O mesmo conservadorismo, arrogância, hipocrisia e velhaquice típica do tempo do Estado Novo e que nos guiava pela obsessão financeira que deixava as pessoas morrerem à fome.
Hoje em dia, continuamos a ter mais do mesmo: obsessão financeira, ausência de estratégia, preocupação individual das pessoas e pouco mais. Com os brandos costumes tão portugueses.
E a liberdade? Para que serviu? Para falar? Para protestar? Para guerrear?
No Dia da Liberdade, comentei que as pessoas têm liberdade para falar, mas não têm liberdade para ouvir. E esse é um dos problemas. As pessoas não querem e não deixam que as oiçam. E quando alguém pronuncia uma palavra a mais do que é suposto, logo haverá quem pense que fulano tal sabe demais e que tem de ser colocado de parte. Se a liberdade serviu para isto, então que se deixe como está.
A liberdade é muito mais do que isso... Aprendam a viver com ela...
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