segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Homem do Fato

As pessoas passam por ele com sacos na mão. Muitos sacos na mão. Compras de Natal para uns, lembranças para outros. As pessoas vão andando pelo corredor a olhar para as montras e a entrar nas lojas para ver o que podem comprar ou para simplesmente ver. Ele sente-se inquieto. O fato que veste parece apertado. Apertado demais, porque o calor humano é tanto, que nem sabe como há-de abordar as pessoas. Está especado a ver o que pode fazer, porque a pressão do outro lado também é enorme.

Ele sente-se pressionado. Pressionado para falar. Para prometer este mundo e o outro. Para ter sucesso, mediante o número de pessoas que consegue angariar. Está parado no meio do centro comercial e os sacos e as pessoas e as crianças falam, gritam e andam, sem lhe ligar. Como se ele fosse um artefacto, igual ao de uma barraca de gelados ou a um parque infantil.

Ele toma coragem, dirige-se a mim e pergunta: "Boa tarde, está interessado num novo seguro de automóvel?"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Catedral de Colónia - Mundial 2006

NIN - The Great Destroyer

Uma questão de opinião

Olho para a página do Público e vejo o banner promocional da opinião no Jornal:

- Correia de Campos todas as segundas-feiras
- Paulo Rangel todas as terças-feiras
- Francisco Assis todas as quintas-feiras
- Manuel Loff quinzenalmente às quintas-feiras

O que está em causa é que nem sei quem escolheram para a quarta e para a sexta-feira, mas olharmos para dois eurodeputados dos partidos do centrão poderem escrever todas as semanas, assim como o ex-líder parlamentar do PS e o historiador associado à CDU escrever quinzenalmente mostra uma certa relutância em discutir com maior intensidade as ideias.

E isso leva-nos a outro nível. Hoje, saltitando de post em post no Facebook, consegui descobrir uma coisa engraçada e que ao mesmo tempo tanto tem de extraordinário, como de preocupante para uma saúde democrática de 37 anos (muito curta, portanto) que um país necessita.

No site do Parlamento, aparece esta iniciativa: Alargamento do prazo de discussão pública do projecto de reorganização curricular, efectuada pelo PCP. Hoje, nada disso foi comentado nos órgãos de comunicação social. Ao invés, lemos isto: BE quer alargar prazo de discussão da reforma curricular.

E por isso, é triste! Triste que não se dê importância (ou pelo menos, a merecida) a quem a merece. Porque os estigmas continuam presentes. Porque o preconceito continua, em pleno 2011.

domingo, 11 de dezembro de 2011

RITUAL DEL HABITUAL



"RITUAL DEL HABITUAL"

António Pires de Lima diz que "devíamos ter menos entre 50 a 100 mil funcionários públicos dentro de três anos", porque é preciso uma reforma do Estado, para cumprir as metas propostas.

O discurso igual ao do Governo e ao simbolismo que tem mostra que o medo continua a ser uma vertente que este país à beira-mar plantado adoptou. Se não cumprirem com o que vem de fora, acabam-se os benefícios, acabam-se as benesses. É assim que funciona, como os "empresários" gostam de dizer, no mundo empresarial. E tornamos tudo o que não é empresarial, empresarial.

"Mas tenho muito respeito pelo trabalho que está a ser feito pelo primeiro-ministro, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e pelo ministro das Finanças. Acho que estão a formar uma troika – um triunvirato, neste caso, para sermos mais lusitanos – que está a dar uma nota completamente diferente da imagem de Portugal lá fora."

Sim, a imagem é completamente diferente. A aplicação dos impostos sobre os mais fracos, o discurso imberbe da poupança quando depois fazem o contrário quando estão no Governo, o clientelismo político-partidário que permite colocar administradores em funções públicas porque têm o cartão do partido. Tudo atitudes de uma nota completamente diferente da imagem de Portugal.

"Esta nova geração de políticos é a única que pode fazer face aos desafios colocados a Portugal"

Qual? Aquela que diz que a RTP-Madeira e RTP-Açores têm de cortar as emissões regionais porque custam dinheiro e a seguir compra viaturas novas de 80 mil euros para se poder deslocar em eventos "oficiais? Ou aquela que diz que tem de se cortar nos subsídios de férias e de Natal, para depois dizer que afinal há excedente? Ou ainda aquela que gastou dinheiro e mais dinheiro num banco que dava para pagar determinada percentagem do tão "afamado" défice? Ou aquela que nomeia especialistas a ganhar 3000 euros por mês e depois considera que 500 Euros é um valor razoável para um salário mínimo? É essa geração?

Também publicado aqui.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Faz

Não penses. Não és pago para isso. Faz. Faz o que te mandam, gostes ou não. Porque é assim que é, e ponto final.
Não estás cá para questionar, para perguntar, para pesquisar, para querer mais e mais. Estás cá para fazer. O que te mandam fazer. O que te dizem que tens de fazer. Concordes ou não. Queiras ou não. Gostes ou não.

Por isso, faz. Mas faz bem. Para não porem em causa. Para tudo "correr bem". Porque dos incompetentes não reza a história. Eles são incompetentes, ponto. São fracos. E olham para os outros como tal.


Faz! Faz o que te apetecer. Mas faz! Se te apetece perguntar, pergunta! Se te apetece evoluir, evolui. Se te apetece gritar, grita! Se te apetece mandar alguém para o caralho, manda! Mas faz!

Não desesperes. Vive. E aproveita. Bem. Muito bem.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

24 de Outubro de 1906

"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."


Rómulo de Andrade nascia em Lisboa, em 1906 e teria depois o pseudónimo de António Gedeão, onde fez a pérola acima descrita.

Ainda tão actual...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Obviamente, demitia-o!

Ministro recebe subsídio apesar de passar a semana em casa própria na capital

A assessoria de imprensa do Ministro diz que o subsídio é perfeitamente legal. Ninguém põe isso em causa. O problema é mesmo de moral e ética, tão necessária nos dias de hoje e que ninguém parece querer tomar conta...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

18 de Outubro - Dia do Pai

Do meu Pai. Daquele que me fez assim como sou. Que me criou, a espaços, é certo, mas que me deu muito do que sou hoje.

E aproveito esta oportunidade para dizer que, apesar de termos os nossos feitios e desavenças, és o melhor Pai do Mundo, porque és o meu e és único. Único na simplicidade, único na amizade, único em tantas situações, que te levam a seres o "gajo porreiro", tal como eu fui apelidado no passado fim-de-semana. E ao "gajo porreiro" tudo se pode.

Por isso, e já te ligo daqui a pouco, muitos parabéns!

Beijos

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

OGE 2012

Hoje é apresentado na Assembleia da República o Orçamento Geral do Estado 2012. Um Orçamento que já se sabe, bate nos de sempre e iliba os de sempre.

Um Orçamento onde se vê em salários fontes de riqueza e onde não existe uma linha de pensamento construtiva que não passe pelo corte de alguma coisa. Bela estratégia importada do Canadá.

O que hoje vai ser apresentado na Assembleia da República não é mais do que o primeiro passo para a maior estagnação que este país vai viver. Com o conluio dos mesmos de sempre, com as benesses a ele adjacentes, este Orçamento é a prova provada de que a austeridade ainda é a mesma para os mesmos de sempre. Por isso, OGE (hoje) é dia de reinventar este país e estes políticos. É dia de olhar em frente e ver que existe futuro, mas não desta maneira, como se não houvesse salvação possível.

A Islândia é o melhor exemplo disso. Peguemos neles e façamos algo. Algo bom...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Regresso da Múmia

Cavaco Silva falará hoje à TVI. Será entrevistado por Judite de Sousa, naquela que será a entrevista do Presidente a um canal privado e na qual deverá responder nada.

Cavaco Silva é assim. Um político hábil como poucos. Hábil com os jornalistas, deixando-os muitas vezes sem resposta ou possibilidade de fazer perguntas. Hábil com as notícias, escapando por entre os pingos da chuva envenenados que lhe colocam e ele se desvia. Hábil porque consegue sempre escapar e sair incólume de tudo.

Hoje, Judite de Sousa perguntar-lhe-á da Madeira, certamente. O PR dirá que não é nada com ele. Judite de Sousa perguntar-lhe-á da coligação. O PR dirá que não é nada com ele.
Judite de Sousa perguntar-lhe-á da crise. O PR dirá que não é nada com ele, mas que os portugueses têm de fazer sacrifícios.

O PR escapará a tudo, como sempre escapou. E será idolatrado como mais ninguém foi, apesar de tudo o que fez, que foi nada.

E depois discutir-se-á. Nas TV's, nas redes sociais, nos "especiais de informação". Em tudo se verá a prestação do PR. E dir-se-á o mesmo: é amorfo, não intervém, mas elogia-se o papel. Como bons seguidistas que são. E continuaremos a sorrir, a olhar para este PR, que de sal tem muito pouco para temperar a vida política e os portugueses.

E seguiremos, na secreta esperança infundada de que temos futuro...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ainda há Ferro

O Negócios de Fim-de-Semana tem uma notícia de capa a dizer que "ainda temos" Siderurgia, inaugurada que foi há 50 anos.
Este facto de "ainda termos" mostra claramente que o futuro colectivo do nosso país não compreende este tipo de negócio e que os alemães é que sabem.

Aliás, só em Portugal, com uma visão tacanha, provinciana e rude se pode olhar para o negócio metalúrgico como sendo um exemplo antiguado.
Se for na Alemanha ou nos países de Leste é que serve e é bom. Cá não! E é com este tipo de informação passada que se vão esfumando os aparelhos produtivos do país, entregue a entidades financeiras que moldam o nosso destino e futuro.

A Siderurgia Nacional, hoje em dia, é completamente diferente daquilo que foi, em tudo. Nos direitos dos trabalhadores, nos modos de funcionamento, na gestão. Em tudo! Tudo levado para que no futuro, o ocaso seja uma realidade.
Títulos como o do Negócios de hoje mostram bem como estamos. Títulos como o do Negócios de hoje indicam para onde vamos. E isso é preocupante...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Do Serviço Público de Televisão (I)

Um dos elementos do novo "Grupo de Trabalho para a definição de um conceito de serviço público", disse hoje, por volta das 19.45 no seu Twitter o que pensa sobre o Serviço Público de Televisão, neste caso, o regional.
José Manuel Fernandes já tinha dito aqui que estava "de espírito aberto, sem agendas ocultas", mas pelo tweet, já se viu que existe mais para além disso.

Ouvindo hoje Miguel Relvas, outro dos novos líricos que nos povoam com as suas palavras, disse que os açorianos e os madeirenses podem ver perfeitamente 4 horas por dia das suas TV's regionais, porque "os habitantes locais têm acesso às outras antenas da RTP como os portugueses do continente" e que "24,7 milhões de euros é muito dinheiro" para ser gasto com os dois canais da RTP. De agora em diante, 4 horas em cada região e já vão com sorte.

ADENDA - O Gabinete do Senhor Ministro Miguel Relvas comporta ainda mais 4 gabinetes. A saber: Gabinete do Secretário de Estado Adjunto; Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares; Gabinete do Secretário de Estado da Administração Local e Gabinete do Secretário de Estado do Desporto e Juventude. Estes 5 gabinetes gastam em remunerações com o pessoal cerca de 1,9 milhões de euros por ano (e não contei com os subsídios de férias, Natal e demais representações). Se juntarmos os subsídios, temos 10% do que gastam a RTP-Madeira e a RTP-Açores em remunerações de Gabinetes. O Sr. Relvas também poderia dizer referir este facto...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A Fúria dos Dias

A Fúria dos Dias está a mostrar-se. Em Inglaterra, na Síria, como tinha sido no Egipto, na Tunísia, na Grécia ou na Argélia, o Mundo tenta mudar. E tenta mudar contra o rumo que estamos a tomar, todos, globalmente.

Por cá, aumentos, aumentos e aumentos, e quietude de sempre, com o conformismo de sempre, como se não houvesse nada para mudar, como se fosse este o nosso futuro, o de ficarmos equiparados aos países em vias de desenvolvimento.

Em vez de progredir, regredir e não há futuro que tente mudar isto. E é pena.

A Fúria dos Dias está para ficar. Mudemos como temos de mudar. Não tenhamos medo...

sábado, 30 de julho de 2011

Sabe bem...

Ontem à noite, mesmo que num ambiente oriental, rodeado de fritos, patos à Pequim e Super Bocks, as conversas mantidas entre amigos (daqueles verdadeiros) faz-nos sentir sempre bem.

O Benfica, o Mundo, o Passado, o Presente e o Futuro discutidos com a permissa de serem os nossos guias para a Vida são os faróis que nos tentam guiar, através dos problemas que nos afectam.

O final da conversa, antevendo uma revolução internacional por causa dos acontecimentos de Hoje só pode ser revigorante e positiva. É preciso mudar e é preciso acreditar que é possível.

Que bem que soube ontem à noite... Obrigado!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Último dia de Fisioterapia

E aproveito para colocar aqui um texto que estava previsto para ser publicado no final de Maio:


"UMA CABEÇA, UM CIFRÃO


A bola vem no ar e o salto é inevitável, quando o jogo está empatado e se necessita de uma vitória. O adversário abaixa-se, saltamos por cima dele e vamos em direcção ao solo. De preferência, com a mão à frente. O som da cartilagem e a dor consequente mostram que temos problema.


Problema porque não há ambulâncias disponíveis para levar ao hospital (do que vale um Centro de Saúde, sem especialistas?) e assim, terei de ir pelo próprio pé para um hospital a 15 kms de distância. (Eu, porque há quem faça 30).


Chegados lá, triagem de Manchester (que é um nome bonito, mas pouco eficaz). Pulseira amarela e a pergunta do costume: 'Vai demorar muito?'. 'Não, é rápido!'. Nunca percebi a noção de rápido de médicos e enfermeiros, mas o "rápido" da enfermeira foi resolvido no espaço de uma hora, numa sala de espera onde se misturam 'pouco urgentes', 'urgentes', 'muito urgentes' (a minha pulseira amarela) e 'emergentes', juntamente com acompanhantes e indiferente da maleita.


Uma hora passou, o braço inchou e a dor aumentou. Próxima paragem: raio-x. O médico tirou, tirou e tirou radiografias, porque a cabeça do rádio não estava famosa. Lá tirou a oitava radiografia e mandou-me para a sala de espera. A pergunta manteve-se: 'Sabe se demora muito?'. 'Por mim, não!', respondeu o médico. uma hora depois, notei que não era por ele, já que não me atendeu, tendo sido outro o mensageiro da notícia: 'Então vamos aqui colocar o gesso e vai andar assim três semanas. Vai tirar um novo raio-x só para tirarmos as dúvidas quanto à lesão.' Vinte minutos depois, mais três radiografias e o reencontro três semanas depois. Hoje. (na altura 31 de Maio).


Entrada no hospital. Parte das consultas externas de um 'Centro Hospitalar' que serve 3 concelhos com quase 400 mil habitantes. Fila para se chegar a um guichet onde dizemos presente e pagamos quase 5 euros de taxa moderadora de um serviço 'tendencionalmente gratuito', conforme está escrito na Lei Fundamental do País, a Constituição. Depois da chamada, ida à Radiologia para o raio-x. 1,80€ depois, duas radiografias e ida às Consultas Externas.


E aqui chegado, o caos instalado. Cerca de 15(??) especialidades distribuídas no mesmo piso, pessoas acotoveladas nas cadeiras dos corredores, enfermeiros aos berros declarando os nomes dos pacientes e uma sala de espera cheia para todas as especialidades.


Uma parte do Serviço Nacional de Saúde é isto. mas é isto, porque há orden para que o caos seja imposto. Só pode! Não há explicação lógica, economicista ou racional que o justifique. O caminho para o fim do SNS está próximo. E os abutres olham com o seu habitual desdém para as pessoas e para o que representam. Neste caso concreto, o cifrão é o objecto escolhido. A saúde deixa de ser um direito e passou quase a obrigação.

Como diz Paulo Portas, o mesmo que diz que defende os idosos, as pensões, a agricultura e afins, é o mesmo que diz que temos de preservar a saúde, porque as pessoas são clientes do serviço. Para bom entendedor, meia palavra basta."

terça-feira, 19 de julho de 2011

SNS

"-Bom dia!
- Bom dia!
- Vinha aqui confirmar a minha presença para a consulta de hoje.
- Sim senhor.. Só um momento.
- O sr. Daniel paga ou é isento?
- Pago, pago.
- São 4,60 € pela consulta.
- Sim, senhora.
Depois de pagar o dinheiro, ainda me faltava o resto do dia de ontem, que foi a radiografia.

- Sr. Daniel, ainda tem isto para pagar, lembra-se?

Olho para o papel e vejo uma radiografia a custar 1,80 € e uma remoção de imobilizações gessadas no valor de 1,10 €, ou seja, mais 2,90€.

- Sim, sim...

Depois de ter pago 7, 50 € por uma consulta, uma radiografia e uma remoção (que termo tão lindo) de gesso num Hospital Público, a senhora diz:

- Agora vá ali para a outra sala e espera que o chamem, ok?
- Sim, senhora. Obrigado e bom dia"

E assim foi. Relembro mais uma vez o art. 64º da Constituição da República Portuguesa:
Direito à Saúde
1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as
condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;


Não sei onde é que a parte do tendencialmente gratuito entra no diálogo mais acima descrito, mas se alguém o encontrar, que me avise, ok? Muito agradecido!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Melancolia

Aprendi a gostar MUITO do Benfica quando tinha 6 anos. Não foi muito difícil. Bastou um jogo no campo do adversário, para ver a força do clube e para saber quem escolher. Isso foi em 1984 e desde esse tempo, foi ver o Benfica ganhar até 1994. Depois foi o que se viu durante vários anos e parece que estamos a voltar ao mesmo tempo.


Com o passar dos anos, o fenómeno da internet possibilitou a existência de N treinadores de bancada, N gestores desportivos e N presidentes. Mesmo assim, quem olha para o Benfica hoje em dia, vê duas facções. A facção a favor do Presidente e a facção contra o Presidente. E o problema está mesmo aqui: no Presidente.


Eu sempre fui do Benfica e não deste ou daquele Presidente. Conheci Presidentes bons, médios e maus. Todos com objectivos diferentes no que ao Benfica diz respeito. E sendo do Benfica, apoia-se o clube, independentemente do Presidente.


E é esse ponto que nesta pré-época está a acontecer. Não há chama para uma época que se pretendia gloriosa. Não há empatia entre adeptos e equipa. Não há o mesmo elan que havia há dois anos atrás. Onde está o problema? Em muita coisa, a começar na estrutura. E é em nós, nos adeptos que temos de começar a exigir. Foi assim que o clube começou e cresceu ao longo dos tempos.


Sejamos exigentes. Porque a isso o Benfica exige.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pablo

"Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
"


Pablo Neruda nasceu a 12 de Julho de 1904.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sempre espectacular

O Bloco de Esquerda (BE) caíu nas últimas eleições. Foi uma queda "espectacular", como disseram muitos especialistas, já que o BE perdeu metade dos deputados que tinha na anterior legislatura.

Tudo o que se passa no BE é sempre espectacular. Ora foi a entrada na AR, ora foi a subida do número de deputados depois, a passagem a 4ª força política nacional nas últimas legislativas e a queda abrupta do último domingo. Sempre tudo em espectacular ou em termos muito similares.

Para além de tudo o que se passa no BE, as pessoas do BE também são espectaculares. Desde o Francisco Loução, ao Luís Fazenda, ao Daniel Oliveira, à Ana Drago, à Joana Amaral Dias, ao João Semedo, ao José Soeiro, é só gente espectacular e que encontra nos seus amigos jornalistas um apoio sempre espectacular.

Tudo no BE é um espectáculo. São as propostas políticas, que seguem sempre depois das do PCP e Verdes, são as declarações políticas sem conteúdo, é a própria linha de orientação política, que apresenta um vácuo verdadeiramente espectacular. Ou seja, não se sabe muito bem quais são as verdadeiras intenções, sem ser a ambição do poder.

Como um dos seus cabeças-de-lista nas últimas legislativas, o BE é um produto mediático e é verdade. Segundo a sua ideologia (?), muitas das suas propostas são ainda mais à esquerda do PCP, portanto, como é que existe tanta empatia pelo BE e tanto descrédito pelo PCP?

Porque é que o BE é sempre dos primeiros a reagir a isto ou aquilo? Porque razão são sempre chamados de "esquerda moderada", quando é precisamente o contrário? Porque são espectaculares. É a única razão para isso.

E como espectaculares que são, o seu fim também o será. Porque nunca se percebeu o que queriam e porque o balão que vinha enchendo estava perto da explosão e porque o ar agora para se encher terá de se ir buscar a outro lugar qualquer...

terça-feira, 31 de maio de 2011

Reestruturar

A três dias de acabar mais uma campanha eleitoral, em que nenhum dos verdadeiros problemas foi discutido, é importante salientar um aspecto importante: ninguém discutiu o futuro do país. Ninguém quis opinar sobre o acordo assinado com quem nos emprestou ainda mais dinheiro para termos de nos endividar outra vez.

A Grécia, soube-se esta semana, está obrigada a reestruturar a sua dívida. Aquilo a que José Sócrates diz que só nos trará mais dívida, mais pobreza e menos Estado Social, como ele tão bem apregoa.

Só os verdadeiros partidos de esquerda pretendem reestruturar JÁ a dívida que nos assola. Só os verdadeiros partidos de esquerda estão a antecipar o que aí vem. Só os verdadeiros partidos de esquerda mostram a sua virtude em ajudar o país. Todos os outros estão mais interessados em defender as suas quintas e arranjos...

sábado, 21 de maio de 2011

A Salvação Nacional

Ontem decorreu o debate entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho. Era, segundo os entendidos (já lá vamos mais à frente), o debate decisivo para a escolha das pessoas?

Qual escolha? Entre um Primeiro-Ministro que se demitiu por causa de um PEC, que depois foi assinar com a famosa Troika ou entre um "doutor" (como se chamam nos debates) que é sem dúvida o enésimo D.Sebastião da Rua de S.Caetano à Lapa?

A escolha não é a melhor, diga-se de passagem. Quando os media e os próprios candidatos se afirmam como candidatos a Primeiro-Ministro algo não vai bem nesta terminologia. As eleições são para a Assembleia da República, ou seja, servem para eleger deputados. Deputados esses que são eleitos pelo povo para que sejam os seus fiéis representantes num dos órgãos de soberania do país. É para isso que servem as eleições. Para eleger deputados.

Como é óbvio, há candidatos a Primeiro-Ministro porque a sede de poder é tão grande que já nem conseguem descortinar o que quer que seja.

E o que é que estes senhores afinal propõem para o país? Os entendidos, que também podem ser chamados de directores de jornais, directores-adjuntos de jornais, editores-executivos de jornais, directores que já foram directores de jornais e aspiram vir a ser novamente directores de jornais e afins, opinam sempre. E opinam sempre, porque como são os directores daquilo que vai para a rua no dia seguinte, é melhor venderem o produto mais cedo. Isto no fundo, não passa tudo de uma venda.

No caso da Salvação Nacional, o que se pretende mesmo é que não se venda o país, correndo o risco de nas próximas eleições ninguém querer o posto de Primeiro-Ministro.

Quanto ao debate? Fantochada, como é tudo neste país de fantoches, onde nós somos as verdadeiras marionetas de uns quantos. Como se pode chamar a um debate, um monólogo temporizado? Como se pode chamar a um debate, quando um dos intervenientes diz "não me interrompa, se fizer favor" ? Como se pode chamar a um debate, se nenhuma ideia, estratégia ou pensamento para o país foi discutido?

A Salvação Nacional não cabe naquilo que ocorreu ontem. A Salvação Nacional é muito mais do que as pessoas pensam...

domingo, 10 de abril de 2011

A Névoa de Matosinhos

Três dias reunidos e zero de ideias. Zero de propostas. Zero de alternativas.


O PS vive no mundo do teleponto, expoente máximo representado pelo seu Secretário-Geral, que conseguiu ir rebuscar "embaixadores" a Paris, no intuito de ganhar algo a um campo onde ele sempre se negou a mexer.


Olharmos para este Congresso do PS e vemos que não há contestação. O FMI é um problema da oposição e não deles. O desemprego é um problema da crise económica e financeira e nunca das políticas do PS. A dívida pública é um problema dos outros e nunca do PS. O PS nunca tem culpa de nada, apesar de estar há 6 anos no poder.


E foi no meio da névoa de Matosinhos que todos esperavam ver um D.Sebatião que salvasse o país. Mas não. Será mais do mesmo. Mais do mesmo clientelismo. Mais das mesmas caras que condenaram o país a cair perante o resto da Europa. Mais da mesma política de pacotilha que nos tem levado a lado nenhum.


O Congresso do PS foi isto. Três dias de show-off para a TV, sem a discussão de ideias. Os contestatários foram remetidos para a meia-noite, ou não apareceram na TV. Não foram ouvidos. Apenas os do costume, vociferando contra a direita que quer afundar o país que foi afundado por esta esquerda demagógica...


O futuro do país não está no que foi dito em Matosinhos. Isso é certo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Da Luta

Na semana em que o PCP faz 90 anos, a luta ganhou um novo sentido na vida dos Portugueses. Não a luta revolucionária, como era de prever, mas a luta modal, que mostra que Portugal continua a trabalhar em dois tempos: ou os muito espertos, ou os muito burros.

E os muitos espertos, intelectuais e afins, decidiram criar um manifesto, um protesto de uma geração que está à rasca, mas que é a primeira que não confia nos políticos e que nem sequer se dá ao trabalho de se dirigir a uma urna de voto exprimir a sua vontade.

Protesto de uma geração à rasca que, na ânsia de querer ter um curso superior endividou-se a eles e aos seus pais, para que pudessem ter um canudo para mostrar, mesmo que o curso fosse uma arquitectura de interiores ou uma engenharia dos solos, sem que se preocupassem sequer com uma saída profissional de valor.

Esta geração não se preocupou em ver nas universidades, faculdades e politécnicos deste país, públicos ou privados, de que era preciso mais do que queimar as pestanas, ir para os copos ou jogar às cartas em tempo de aulas. Esta geração não percebeu que é preciso ter iniciativa e não ser uma cópia mais requintada daqueles que os tinham concebido, adjacentes ao marasmo tão próprio dos portugueses.

E depois, é uma geração que foi apanhada no boom das redes sociais, onde o contacto pessoal é efectuado através do teclado do computador ou do écrã táctil de um qualquer telemóvel topo de gama. Baseado nisso, esta denominada geração encontrou motivos assim para protestar.

Alicerçados numa imprensa que precisa de notícias como de pão para a boca, e benficiando de amizades nos respectivos meios, conseguiram fazer aquilo que tanto queriam.


Continuando na luta, os Homens da Luta ganharam o Festival da Canção e logo surgiram vozes que certamente preferiam outro tipo de artistas para nos representar na Alemanha. Ganhou a sátira e assim teremos paródia garantida na Eurovisão, essa coisa que já passou de moda, mas que Portugal almeja sempre ganhar, quanto mais não seja para se dizer que se ganhou alguma coisa...

As vozes que se levantaram contra este tipo de música são os mesmos que se juntam acima de tudo e de todos, como se houvesse um nível cultural que definisse a nossa própria existência. Se querem lutar, lutem como tem de ser. Não lutem como se vivessem no País das Maravilhas...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Diário de Bordo

7 da manhã na Gare do Oriente. Gente para apanhar o Alfa Pendular que parará no Porto, porque esses infâmes dos sindicalistas não querem que o comboio chegue a Braga. Tempos estes em que os maquinistas (esses mesmos que conduzem os comboios) não querem ser só eles a pagar a crise.
Plataforma cheia de pessoas que esperam pelo comboio. Muitos estereótipos. Muitos casacos. Muitos fatos. Muitos vestidos. Por mim, umas calças de ganga da Cheyenne (que entretanto, já decretou falência, deixando mais uns quantos no Centro de Desemprego do distrito de Braga e um empresário com o seu Porsche), um pólo azul e uns sapatos com uns 5 anos comprados na Often (que também já encerrou).
Por imperativos do trabalho, foi-me dada a possibilidade de ir na classe Conforto (pomposo nome dado à vulgar 1ª classe, mas que em nada difere da classe Turística, vulgar 2ª classe sem ser na oferta de jornais e de café). De resto, é igual. Cadeiras iguais, disposição dos lugares iguais. Só muda o status e o quo.
Primeira impressão é que quem tem um portátil deve ir com ele em cima da mesa para mostrar que se vai em negócios. Depois é necessário ter um exemplar do Diário Económico ou do Jornal de Negócios, para passar a ideia de que se está actualizado com a mais recente informação económica. E é preciso também ir de fato e gravata. Lamento, mas não possuo a maioria dos requisitos. E o que é que eu faço na classe Conforto? Experimento.

Experimento e não gosto. Não gosto destas manias de se ser mais do que é. Das aparências que fazem com que nós tenhamos de ser isto ou aquilo. De sermos mais importantes do que aquilo que somos. Cada qual na sua importância. Cada qual com o seu modo de ser e de estar, porque o mais importante é mesmo sermos nós próprios e não aquilo que outros querem que nós sejamos. Eu dou-me bem assim: sem aparências, sem falsos pudores ou mordomias.

Para a próxima vez já sei: Classe Turística. Já vi que a diferença não compensa, mesmo tendo alguém a pagar-me a viagem.

P.S. E também há gente que ressona na Classe Conforto. Diferenças?