sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Irão, visto de cá

Com a devida vénia ao Carlos Narciso, uma outra ideia sobre as eleições do Irão:

É verdade que o que se passa no Irão cheira a falcatrua eleitoral, mas não basta à oposição dizer que houve batota. Será preciso comprová-lo e julgo que isso está longe de ter acontecido. Durante a campanha eleitoral, se os comícios do principal adversário de Ahmadinejad tinham muita gente, os do presidente candidato também… e, mesmo agora, apesar das manifestações de protesto atraírem muita gente, não julgo que o número seja revelador de que a maioria da população está a favor do protesto. O que mais indicia a falcatrua é a reacção musculada das autoridades. Quem não hesita em bater é porque não tem outros argumentos. As cacetadas policiais revelam a verdadeira natureza dos dirigentes políticos iranianos. Mas nada disso basta para reconhecermos o senhor Moussavi como merecedor de crédito.
Um tipo que foi primeiro-ministro do Irão nos anos 80 devia levantar algumas suspeitas, mas como para o Ocidente vale tudo para deitar abaixo Ahmadinejad, o senhor Moussavi passa a ser apresentado como democrata de longa data. Mas não é bem assim… lembro que quando esse senhor foi pau mandado dos Aiatolas, a repressão sobre o povo não teve limites. Não lembro apenas as perseguições políticas, os assassinatos. Lembro que foi ele quem reintroduziu a pena de morte e os castigos corporais na via pública para quem não respeitasse a sharia (lei religiosa). Coisas simples, como sexo fora do casamento, consumo de alcóol ou homossexualidade, passaram a ser crime. O Islamismo passou a ser religião do Estado e todas as outras foram proibidas. Marxistas, católicos, judeus e laicos foram fuzilados. As mulheres foram proibidas de usar maquilhagem ou mini-saias, e ouvir música rock ou rap passou a ser razão mais do que suficiente para levar gente para a cadeia.
Talvez Moussavi tenha mudado, entretanto. Talvez Mousavi tenha ganho as eleições, mas eu não punha as mãos no fogo por ele.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Depois admirem-se

A SIC Notícias costuma ser um espaço de referência na noite por cabo. Mário Crespo, às 9, Ana Lourenço, às 10 e depois o Jornal da Meia-Noite.

Não se compreende contudo algumas das questões editoriais que rodeiam o canal de notícias. Depois de na terça-feira, Louçã ter comentado e criticado uma peça da SIC sobre a campanha do BE, rapidamente houve voz ao contraditório.

Em plena semana de campanha eleitoral, Miguel Portas deslocou-se hoje a Carnaxide para ter direito a mais 30 minutos de propaganda demagógica, para além do direito de antena que já dispõe todos os dias. Se ainda tivesse havido disponibilidade dos restantes candidatos para serem convidados para o Jornal das 9 (esta semana, com Ana Lourenço), ainda se aceitava, agora assim, a pluralidade é algo que não se vê na estação.

Depois admirem-se quando a extrema-esquerda "caviar" começar a explanar melhor o discurso, sempre em prol das pessoas que raramente defendem...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Motivação em alta competição

O vídeo que Pep Guardiola pediu a um jornalista amigo da TV3, da Catalunha, para passar antes da subida ao relvado, na passada semana, no Olímpico de Roma, na final da Champions League.

Que justiça?

Que justiça Portugal pode clamar se não tem um Provedor há mais de um ano, porque os partidos políticos não se entendem num nome?

Que justiça Portugal pode clamar se num debate televisivo, os advogados degladiam-se como se estivessem no antigo Coliseu de Roma, sempre à procura de sangue, só porque o actual Bastonário está contra uns respeitosos "escritórios de advogados"?

Que justiça Portugal pode clamar quando olhamos para os casos do BPP e do BPN, onde pessoas e pessoas deixaram as suas poupanças e agora não têm nada?

Que justiça Portugal pode clamar quando para uns casos, escutas telefónicas são válidas e para outros, não?

Que justiça Portugal pode clamar quando também não faz nada para a mudar?