terça-feira, 21 de abril de 2009

É preciso uma nova revolução?




35 anos depois, o 25 de Abril terá perdido o seu sentido? Será que as comemorações que se irão fazer servirão para o quê? Para capitalizar os votos para as próximas eleições ou para ouvir os concertos das bandas da moda e ver o fogo-de-artifício?

Os jovens de hoje em dia não se podem queixar. Têm acesso à Internet, andam de iPod, jogam na Playstation, usam os portáteis, calçam os sapatos da moda e vestem-se como querem, quase sem limites. Se lhes perguntarmos o que foi o 25 de Abril e o que significou para a sua geração, são bem capazes de não saberem responder. É um bocado óbvio, porque a própria História se encarregou de esquecer as partes frétidas do Estado Novo.

Se quisermos fazer a Rua António Maria Cardoso, passamos pelo S.Luiz e depois vamos ter ao nosso lado esquerdo, um condomínio fechado de luxo, que ocupou as antigas instalações da PIDE/DGS, onde existiam as salas de tortura, as prisões e os escritórios de quem era encarregado de fazer ver a quem discordava das opções fascistas que afinal, o rumo que Salazar tinha para o país era o correcto.

Se quisermos ir a Peniche visitar o Forte, convém que nos despachemos, já que está em vista a construção de uma Pousada dentro do mesmo.

A própria História portuguesa, tão própria em tradições bacocas e inspiradas pela influência católica consigna que no Regime, até que as coisas eram boas e vivia-se melhor que agora, mas os sofismas de quem era (e ainda é) analfabeto, assim como as consequências dessa educação estão à vista, mesmo 30 anos depois.

A inveja, a intriga, o safe-se a si mesmo digno de uma cultura de desconfiança para com o próximo ainda perduram, talvez ainda mais, por um país que não se soube desenvolver, apesar dos inúmeros esforços que foram tentados com a injecção de capital que veio, primeiro com o FMI e depois com a União Europeia.

O interior está cada vez mais interior, as oportunidades de trabalho são cada vez mais escassas e precárias, o planeamento educativo é um caos, os serviços de saúde estão cada vez mais privatizados, a justiça não consegue ser célere, quanto mais justa e os mais poderosos escudam-se na corrupção dos políticos para cada um ganhar à sua medida.

Também houve coisas positivas, obviamente. Nem tudo foi mau. Temos talentos em várias áreas, mas que preferem ir para o estrangeiro em vez de ficarem por cá. Temos empresas empreendedoras que são um verdadeiro "oásis" no deserto da impotência empresarial portuguesa. Temos exemplos no software, na área tecnológica, nas ciências, em diferentes áreas, mas são pontos muito pequenos para quem quer crescer e mostrar-se ao mundo.

Mesmo com a nova geração que por aí pulula, é necessário educá-los para que sejam capazes de terem orgulho no seu país, apesar da crescente globalização que impera no mundo moderno. Não é só aprenderem inglês. O português é fundamental, quanto mais não seja porque é a 5ª língua mais falada no Mundo. Não é só aprenderem a brincar no Magalhães, mas sim saberem porque é que o computador se chama Magalhães.

É com uma revolução de mentalidades e amor próprio que eu previa que este 25 de Abril trouxesse para Portugal. Um Portugal onde houvesse respeito pelas pessoas, pelos que trabalham, pelos que mandam trabalhar, pelos que governam, por todos. E que a revolução cultural acontecesse, que deixassemos de ser "estupidificados" pelo aparelho que temos em casa e que nos "mina" a inteligência, com novelas e programas cor-de-rosa. Era esse o meu sonho para um 25 de Abril. Onde também não houvesse mortos, nem uma pinga de sangue. Apenas muitas pingas de suor...

1 comentário:

Sultana disse...

VOTO NUMA NOVA REVOLUÇÃO!