Estes dias de reflexão são a verdadeira hipocrisia que se passa numa sociedade que se preze democrática.
Durante duas semanas, é ver caravanas de carros, discursos políticos aqui e ali, ficar à espera das TV's para poderem dizer umas bocas, distribuição de bonés e bandeirinhas, tudo na busca e na caça ao voto do povo que continua a ser iludido pelo arranjo da estradinha, pelo melhoramento da rua, pelo novo pavilhão ou porque o político distribuiu um electrodoméstico ou um chouriço.
Duas semanas inteiras a tentarmos ser convencidos pelos que não estão no poleiro, porque é que os devemos colocar lá. Duas semanas inteiras a tentarmos ser convencidos pelos que estão no poleiro que eles é que são os melhores e têm (atenção a esta palavra) OBRA feita.
Na minha terra, obrar tem outro significado bem mais mal cheiroso e feio do que uma qualquer obra nova. É com ênfase na obra que se vê a qualidade do candidato. Olhemos para Oeiras. O actual presidente deu-se como corrupto. Foi condenado. Mas tem obra, e isso, para o povo habituado a estas coisas da corrupção, acha bem que ele por lá continue, desde que mostre obra. Quem fala em Isaltino, poderia falar em Felgueiras, Valentim, Avelino e muitos, muitos mais que com os compadrios para mostrar a tal obra, investem tudo na caça ao voto para melhorarem o chamado poder local.
O caso das escutas do Governo e a (mais uma) declaração infeliz de Cavaco Silva fez com que na primeira semana de campanha autárquica não se falasse de nada, deixando para a segunda semana toda a "carne pronta para assar".
Não faltarão especialistas (daqueles que falam de tudo e mais alguma coisa) a comentarem que no próximo acto eleitoral onde hajam duas eleições no mesmo ano, que se marquem as mesmas para o mesmo dia, mas os mesmos especialistas esbarram com uma verdade inquestionável: a falta de cultura democrática dos portugueses, cada vezmais desiludidos com esta política de pacote, que olha aos interesses individuais e não aos colectivos.
Reflexão? Do quê?
1 comentário:
Reflectir muito para depois cometerem os mesmos erros.
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