terça-feira, 27 de outubro de 2009

Às terças há um vereador do Porto que assume o pelouro do atendimento

Notícia i:

"Era para falar com o vereador Rui Sá. Ele está à nossa espera." Às terças-feiras à tarde o movimento aumenta na Câmara do Porto. O segurança já não estranha e quase de forma mecânica orienta quem chega: "Sobem no elevador até ao 4.o andar e depois perguntam. É mais fácil."

Do lado de fora do gabinete de Rui Sá, o vereador da CDU na autarquia, os bancos encostados à parede costumam estar vazios. Mas não às terças- -feiras. Rui Sá dedica o dia a ouvir quem o procura na esperança de ver os seus problemas resolvidos.

Maria Cândida entra no gabinete e não se importa com as fotografias: "Não devo nada a ninguém." Vai falar com o vereador pela terceira vez por causa de um problema da filha. Rui Sá já enviou cartas a ver se conseguem uma casa para ela e os filhos. Houve desenvolvimentos no processo e o vereador prepara-se para escrever mais uma carta, agora "ao presidente da Junta de Paranhos, a ver se ele manda o tal relatório". Todos os munícipes atendidos têm uma capa com toda a documentação sobre os seus problemas. "A maioria das pessoas vem aqui por uma casa. Mas não é só", explica.

Minutos depois, Rui Sá ouve um casal. A conversa começa pelo resultado das autárquicas, mas Narciso, antiga glória do Leixões e do Braga, vai ali por uma boa notícia. Graças ao apoio do vereador, uma questão com a EDP foi resolvida e o casal viu--se livre de uma dívida que não tinha contraído. Rui Sá explica que recebe as pessoas "em primeiro lugar, porque merecem" e depois porque isso lhe "permite trabalhar com conhecimento de causa". E diz que criou ali o gabinete de um provedor, a mesa de um assistente social e a cadeira de um psicólogo, mesmo que seja até tarde. Heitor, um dos munícipes, lembra que ali nunca há pressas: "Uma vez cheguei e já passava das 21h30. Havia gente lá fora e só ia jantar quando todos estivessem atendidos."

Rui Sá tenta ajudar com cartas, requerimentos ou denunciando as questões em reuniões de câmara. Às 17h00, a senha ia no número seis e a secretária diz que já distribuiu até ao 20. "O meu recorde foram 32 pessoas. Saí daqui muito tarde, mas enquanto houver alguém não me vou embora. Se estão aqui é porque precisam."


Se há definição de serviço público, este é um bom exemplo!

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