Acordo com os Beach House e penso que estou na praia, mas os lençóis não enganam e ainda estou na cama, pronto para fazer algo que valha a pena durante o resto do dia.
Demoro sempre um pouco a levantar-me e a lesão que tenho no joelho faz-me sempre pensar que "estou fodido" com isto e que a minha carreira semanal ficará em risco para o resto da vida.
Pensamentos demasiados negativos que não auguram nada de bom para o resto do dia, mas como estou habituado a ouvir os queixumes de tudo e de todos, já nem noto. Parece que é um fado nosso muito próprio, o de nos queixarmos.
No entanto, deixo isso para trás e meto-me a caminho. Pearl Jam para avivar memórias e esquecer o arrefecimento do tempo e o facto de já não ter de usar o ar condicionado do carro enquanto sigo para os arredores da capital do Império aturara malucos, preconceituosos e manias que vão tornando Portugal um sítio difícil de respirar.
Um dia inteiro fechado num espaço com televisores, máquinas e computadores que nos toldam a vista conforme querem e desejam. Existe um espacinho ou outro onde se pode sempre apanhar ar fresco, mas sempre pejado do cheiro a tabaco ou perdemos essa grande atitude que é a socialização dos indivíduos, onde se fala de tudo, menos da própria vida. Só trabalho, trabalho e as acções decorrentes desse mesmo trabalho.
Voltamos a casa num ritual quase ao mesmo nível de um rebanho de carneiros a caminho do matadouro. Saímos de uns arredores da capital do Império para chegarmos a outros. Parar no centro do Mundo português é uma tarefa difícil, porque ou há trânsito ou há alturas em que não devemos mesmo nada fazer sem ser contemplar o que nos deram.
E quando chegamos ao nosso poiso de onde saímos há dez horas atrás, tudo está na mesma, como se nada se passasse. Tudo no mesmo sítio, no mesmo lugar, à espera de no próximo dia ser acordado pelos Beach House ou por qualquer outra banda que vá ao Meco...
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