segunda-feira, 26 de julho de 2010

Regresso ao Passado

A Política Social da Igreja Católica

D.Carlos Azeredo veio a público dizer que os políticos deviam doar 20% do seu salário para um Fundo Social.

Não conhecia a faceta política dos padres com alguma importância no clérigo português, mas as declarações da semana passada, para além de serem populistas, são de uma infelicidade que até aos mais leigos faz confusão.

Basta olhar para o património da Igreja Católica para os mesmos serem os últimos a exigir o que quer que seja em matéria de políticas sociais. A diferença de tratamento entre o que apregoam e o que fazem é deveras indicador da falsidade que grassa. Usando argumentos como os da semana passada, só fazem sentido mesmo numa silly season como esta que passamos...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Outro parvo no meu lugar

Chego a casa a porta estava trancada
Fechadura tinha sido mudada
Uma sombra desvia o meu olhar
Estava outro parvo no meu lugar

Chego ao trabalho mau olhado
A secretária olha de lado
A silhueta desvia o meu olhar
Estava outro parvo no meu lugar

(refrão)
Outro parvo, outro parvo
Estava outro parvo no meu lugar
Outro parvo, outro parvo
Estava outro parvo no meu lugar

Minha mãe preocupada
Disse que a vida não estava acabada
Mas quando chego para jantar
Estava outro parvo no meu lugar

(refrão)
Outro parvo, outro parvo
Estava outro parvo no meu lugar
Outro parvo, outro parvo
Estava outro parvo no meu lugar

O coveiro desconfiado
Disse que o buraco já estava tapado
Mas quando chego para enterrar
Estava outro parvo no meu lugar

(refrão)
Outro parvo, outro parvo
Estava outro parvo no meu lugar
Outro parvo, outro parvo
Estava outro parvo no meu lugar

Mas porque raio é que me estou a queixar?
Eu sempre quis ter outro parvo no meu lugar
Outro parvo, outro parvo
Estava outro parvo no meu lugar




sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Estado da Nação

Foi interessante ver ontem as primeiras duas horas do Estado da Nação. Não consegui ver mais por afazeres pessoais, mas o que vi e li, sobretudo na hashtag #EstadoDaNação do Twitter, foi por demais evidente que estamos descrentes de tudo e de todos nesta bela arte que é a de governar e de sermos governados.

Quando cheguei mais à noite e comecei a ver e a ouvir o que tinha ficado do Estado da Nação, então fiquei com a sensação que a demência colectiva é uma realidade neste país, e que provavelmente, vamos sobreviver nos próximos anos "navegando à vista", sem rumo, sem ideias, sem estratégia, mas sobretudo, com uma cambada de gente que olha para a política como uma forma individualista de se safar, independentemente de quem vier a seguir, para depois tentar limpar os cacos.

E é impressionante ouvir Paulo Portas, que teve responsabilidades num dos piores Governos de que há memória vir agora armado em arauto da responsabilidade, chegando ao ponto de dizer que só com uma coligação PS-PSD-CDS, o país ia para a frente. Ou seja, os mesmos três partidos que governaram o país nestes últimos 30 anos e que colocaram o país onde ele está são os mesmos (segundo Paulo Portas) que o conseguem levantar. Brilhante!

Voltando à hashtag, é curioso ver alguns desabafos, como o facto da actual geração de jovens não acreditar numa única palavra que é dita pelos deputados e por isso o seu afastamento da política ser perfeitamente normal, vemos que existem os de direita e de esquerda, que defendem as suas partes, vemos os que acham que Sócrates vive noutro planeta, vemos os que acham que Sócrates vive no país correcto, mas com as pessoas erradas, mas vemos sobretudo muito descontentamento pelo rumo que Portugal leva.

Hoje, os funcionários judiciais entram de férias, para só em Setembro voltarem a trabalhar. A Justiça é um dos pontos onde a credibilidade do país mais caíu e este é um bom exemplo. Os processos arrastam-se, o Código Civil está feito para os recursos e mais recursos e a burocracia ganha em larga escala à simplificação que tanto se falou e rapidamente se esqueceu.

Definhamos e definhamos sempre na procura de mais neste Estado Da Nação, que de Estado tem muito pouco e de Nação ainda menos...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Lisboa, a cidade que nunca adormece

Parece que o Parque Mayer vai mesmo abaixo. Apesar de o Tribunal ter anulado a permuta entre a Câmara de Lisboa e a Bragaparques, António Costa já disse que o sítio é para ir abaixo.

É fácil de ver quem é que António Névoa subornou desta vez. A única coisa que mudou foi a cor, que passou a um tom mais rosado do que alaranjado, mas mesmo assim, com os mesmos defeitos e virtudes.

Defeitos, porque supostamente um autarca não deve ser corrupto (há por aí tantos exemplos como Felgueiras, Oeiras, Gondomar, Marco de Canaveses ou Braga). Virtudes, porque ao menos assim já se sabe como é que os próprios autarcas actuam, sem pudor ou vergonha.

Como um dia qualquer...

Acordo com os Beach House e penso que estou na praia, mas os lençóis não enganam e ainda estou na cama, pronto para fazer algo que valha a pena durante o resto do dia.
Demoro sempre um pouco a levantar-me e a lesão que tenho no joelho faz-me sempre pensar que "estou fodido" com isto e que a minha carreira semanal ficará em risco para o resto da vida.
Pensamentos demasiados negativos que não auguram nada de bom para o resto do dia, mas como estou habituado a ouvir os queixumes de tudo e de todos, já nem noto. Parece que é um fado nosso muito próprio, o de nos queixarmos.

No entanto, deixo isso para trás e meto-me a caminho. Pearl Jam para avivar memórias e esquecer o arrefecimento do tempo e o facto de já não ter de usar o ar condicionado do carro enquanto sigo para os arredores da capital do Império aturara malucos, preconceituosos e manias que vão tornando Portugal um sítio difícil de respirar.

Um dia inteiro fechado num espaço com televisores, máquinas e computadores que nos toldam a vista conforme querem e desejam. Existe um espacinho ou outro onde se pode sempre apanhar ar fresco, mas sempre pejado do cheiro a tabaco ou perdemos essa grande atitude que é a socialização dos indivíduos, onde se fala de tudo, menos da própria vida. Só trabalho, trabalho e as acções decorrentes desse mesmo trabalho.

Voltamos a casa num ritual quase ao mesmo nível de um rebanho de carneiros a caminho do matadouro. Saímos de uns arredores da capital do Império para chegarmos a outros. Parar no centro do Mundo português é uma tarefa difícil, porque ou há trânsito ou há alturas em que não devemos mesmo nada fazer sem ser contemplar o que nos deram.

E quando chegamos ao nosso poiso de onde saímos há dez horas atrás, tudo está na mesma, como se nada se passasse. Tudo no mesmo sítio, no mesmo lugar, à espera de no próximo dia ser acordado pelos Beach House ou por qualquer outra banda que vá ao Meco...

sábado, 10 de julho de 2010

Més de Un Milió

Barcelona viveu hoje um dia histórico. Mais de um milhão de pessoas reuniram-se entre o Passeig de Graciá e a Avenida Diagonal para defender o Estatuto de Autonomia da Catalunha, 24 horas depois de ser dada a conhecer a sentença do Tribunal Constitucional Espanhol.

Esta sexta feira, o Tribunal Constitucional publicou em detalhe a sentença, após quatro anos de deliberação. Foram afetados 50 dos 223 artigos do Estatuto da Catalunha. Os principais temas que "revoltam" os catalães são o facto do TC não reconhecer a Catalunha como uma nação, e a língua catalã deixar de ser preferencial.

A Espanha não aprende e o sistema judicial espanhol que tarda em evoluir permitem este tipo de manifestações de amor próprio à Região. Catalunha e País Basco são os melhores exemplos da manta de retalhos que a Espanha ainda é. Quem não compreender isto, não compreenderá nada. E mesmo assim, fica a perder.

Visca Catalunya!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tudo normal

Vera Jardim, um senhor que já foi Ministro da Justiça deste país e que se assume como uma pessoa de esquerda, é também Presidente da "Comissão eventual para o acompanhamento político do fenómeno da corrupção e para a análise integrada de soluções com vista ao seu combate", e disse hoje à Antena 1 que "defende ainda um acordo de governação entre o PS, o PSD e o CDS-PP e afirma que acredita que o primeiro-ministro está disponível para esta solução".

Ou seja, a única maneira de governar o país e tirá-lo da crise é fazê-lo com os mesmos partidos que mais e unicamente contribuíram para ela. E isto, vindo de uma pessoa com alguma responsabilidade na matéria, é preocupante. E é normal, porque a vergonha continua a não pertencer ao vocabulário de certo tipo de pessoas.

Já as Estradas de Portugal estão a pedir financiamento. E pedem-no por causa das SCUT. É sempre bom saber que uma empresa pública, que recentemente foi notícia de jornal por causa de uns prémios no valor de 190 mil euros anuais, tenha de andar a pedinchar. É o problema das gestões públicas e é o problema da nossa verdadeira despesa onde os séquitos e amigos vão gozando e usando do dinheiro público. Tudo normal...