quarta-feira, 9 de março de 2011

Da Luta

Na semana em que o PCP faz 90 anos, a luta ganhou um novo sentido na vida dos Portugueses. Não a luta revolucionária, como era de prever, mas a luta modal, que mostra que Portugal continua a trabalhar em dois tempos: ou os muito espertos, ou os muito burros.

E os muitos espertos, intelectuais e afins, decidiram criar um manifesto, um protesto de uma geração que está à rasca, mas que é a primeira que não confia nos políticos e que nem sequer se dá ao trabalho de se dirigir a uma urna de voto exprimir a sua vontade.

Protesto de uma geração à rasca que, na ânsia de querer ter um curso superior endividou-se a eles e aos seus pais, para que pudessem ter um canudo para mostrar, mesmo que o curso fosse uma arquitectura de interiores ou uma engenharia dos solos, sem que se preocupassem sequer com uma saída profissional de valor.

Esta geração não se preocupou em ver nas universidades, faculdades e politécnicos deste país, públicos ou privados, de que era preciso mais do que queimar as pestanas, ir para os copos ou jogar às cartas em tempo de aulas. Esta geração não percebeu que é preciso ter iniciativa e não ser uma cópia mais requintada daqueles que os tinham concebido, adjacentes ao marasmo tão próprio dos portugueses.

E depois, é uma geração que foi apanhada no boom das redes sociais, onde o contacto pessoal é efectuado através do teclado do computador ou do écrã táctil de um qualquer telemóvel topo de gama. Baseado nisso, esta denominada geração encontrou motivos assim para protestar.

Alicerçados numa imprensa que precisa de notícias como de pão para a boca, e benficiando de amizades nos respectivos meios, conseguiram fazer aquilo que tanto queriam.


Continuando na luta, os Homens da Luta ganharam o Festival da Canção e logo surgiram vozes que certamente preferiam outro tipo de artistas para nos representar na Alemanha. Ganhou a sátira e assim teremos paródia garantida na Eurovisão, essa coisa que já passou de moda, mas que Portugal almeja sempre ganhar, quanto mais não seja para se dizer que se ganhou alguma coisa...

As vozes que se levantaram contra este tipo de música são os mesmos que se juntam acima de tudo e de todos, como se houvesse um nível cultural que definisse a nossa própria existência. Se querem lutar, lutem como tem de ser. Não lutem como se vivessem no País das Maravilhas...